Boletim Inovação Aberta
Edição 25 - Junho de 2013
 

O Boletim Inovação Aberta é uma iniciativa do Wenovate - Open Innovation Center. Nesta publicação, pessoas envolvidas com a prática da inovação aberta no país são entrevistadas com o objetivo de registrar casos, discutir conceitos e propiciar oportunidades. O boletim também oferece informações sobre os principais cursos, eventos, artigos e lançamentos relacionados à inovação aberta.

UMA PARA TRÊS

Na sua opinião, quais são os melhores cases de inovação aberta? Por quê?

 

Wim Vanhaverbeke
Universidade de Hasselt e Exnovate

“Um dos mais ilustrativos é o exemplo da P&G, com seu programa Connect and Develop, que foca em inovação aberta para negócios já existentes, criando novos produtos em categorias já estabelecidas. Apesar de grandes virtudes, o programa enfrenta um desafio que não é simples: inovar em novos negócios. Nessa categoria, eu cito como case a empresa de biotecnologia DSM. Eles buscam negócios em áreas emergentes ou com futuro promissor e os desenvolvem. Outro case que é importante e eu costumo citar é o de uma pequena empresa belga, Curana, com cerca de 25 funcionários, que pratica a inovação aberta há 15 anos. Por causa das conexões que criou com parceiros, a empresa passou de fabricante comum de componentes para bicicleta a especialista em design. As mudanças de estratégia a tornaram famosa, o que aumentou sua aproximação com o público e, hoje, tem processos constantes de integração com o consumidor final na concepção de seus produtos.”

Carlos Arruda
Fundação Dom Cabral

“No Brasil, eu destaco a experiência da Embraer, que na década de 1990 criou o conceito de World Wide Risk Partners, parceiros de risco no desenvolvimento de novos produtos, indo muito além do que seus engenheiros e pesquisadores poderiam ter desenvolvido em tempos relativamente curtos. A aplicação do conceito se tornou o que poderíamos chamar de uma competência dinâmica, isto é, ser capaz de trabalhar com uma diversidade de parceiros no desenvolvimento de uma única plataforma. Exemplos recentes de outras empresas do mesmo setor mostram quanto esta modalidade pode ser um desafio. Outra modalidade de inovação aberta com resultados ainda a serem avaliados é o uso de mecanismos de inclusão do conhecimento do cliente no processo de inovação. Meu destaque é o uso de crowdsourcing como no caso da Fiat no projeto Fiat Mio. O desafio é tornar o grande volume de ideias que chegam até a empresa em algo que seja valor para a empresa e para seu mercado.”

Eduardo Vasconcellos
FEA/USP

Case 1: Laboratório Fleury. Quando foi criado (no século XIX), foi estabelecido que os médicos trabalhariam meio período para continuar suas atividades na universidade com o objetivo de manter uma ponte com a academia na busca de inovação e competência. Hoje, é um dos cinco maiores do mundo e líder em inovação.
Case 2: Petrobras. Há várias décadas, o centro de pesquisa da empresa estabeleceu uma rede de especialistas nas universidades em busca da competência e inovação. Hoje é líder em produção de petróleo em águas profundas, atividade que exigiu inúmeras inovações tecnológicas.”

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SUÍTE

Adaptação e crescimento por meio da inovação aberta

Quando o professor da universidade de Berkeley Henry Chesbrough publicou, dez anos atrás, o livro que popularizaria o conceito de inovação aberta, usou como base de sua argumentação um estudo pautado na observação de empresas que tentavam se adaptar à realidade que se apresentava para elas: competição acirrada, surgimento de novas tecnologias, novos modelos de negócios e novos players a uma velocidade assustadora e o risco de perder espaço e vendas para essas novidades. O fenômeno não era um fato isolado. Empresas enormes, que haviam investido pesado na estruturação de suas áreas de pesquisa e desenvolvimento para sair na frente com produtos e serviços inovadores se viam ameaçadas. Para competir, era preciso criar processos de colaboração e buscar reforços fora dos próprios muros.

GE criou iniciativas de inovação aberta para a sustentabilidade.
Foi em meio a esse cenário que algumas empresas criaram programas pautados na inovação aberta cujos frutos duram até hoje. Um dos exemplos é o programa Connect and Develop da P&G. Iniciado em 2001, quando 90% da inovação da empresa era feita de forma fechada, hoje mais de 50% das inovações da empresa em todo o mundo envolvem algum tipo de colaboração com o ambiente externo.

Atualmente, algumas das grandes empresas têm usado as bases da inovação aberta para criar inovações a partir de tendências que, acreditam, serão grandes desafios no futuro. Um exemplo dessa atuação é o programa Ecomagination da General Eletric (GE). A empresa estimula que gestores, empreendedores e estudantes colaborem gerando ideias para uma nova forma de utilizar a energia, segundo preocupações como eficiência e energias renováveis. Com investimento de 200 milhões de dólares, a iniciativa funciona segundo modelo de venture capital.

Inovação aberta e geração de novos negócios

Conhecido internacionalmente, o case da Eli Lilly mostra que, em vez de focar no desenvolvimento de soluções que sirvam apenas internamente, é possível criar novos negócios que atendam também o mercado de forma ampla. No final da década de 1990 e início dos anos 2000, empresa tentava melhorar o processo de geração e captação de novas ideias e criou um programa interno para participação. Aos poucos, percebeu que precisava também de ideias de fora e foi evoluindo para um modelo de inovação aberta. Ao perceber que funcionava bem e que a iniciativa poderia ter valor inclusive fora da empresa, foi criada uma startup exclusivamente para essa competência.

Adriano Jorge, da Natura: maturidade de uma rede de inovação com 200 parceiros.

Para o executivo que tomou a frente do projeto, Alph Bingham, a iniciativa e o modo como ela evoluiu está conectada com as novas formas pelas quais as pessoas se organizam e interagem atualmente. “A internet e suas capacidades abriram um leque amplo para a cooperação. Em 2000, desenvolver novas drogas da mesma forma como vinha sendo feito era absolutamente inviável. Em um novo modelo, é possível não prever, mas imaginar o futuro de uma forma mais consistente”, afirma.

Case brasileiro

No Brasil, uma das primeiras empresas a dizer publicamente que pratica inovação aberta foi a Natura. Seu relacionamento com pesquisadores externos começou em 2001 por meio de editais da Finep, CNPq e Fapesp. Desde então, começou um processo de aprendizagem e estruturação interna que viabilizasse o modelo colaborativo e, só em 2005, passou a divulgar seus programas de inovação aberta. O mais marcante, e que é mantido até hoje, é o Natura Campus, que lança editais periódicos para pesquisadores interessados em desenvolver melhorias de produtos ou novos produtos em conjunto com a empresa.

Aos poucos, a empresa expandiu sua inovação aberta para conversar também com fornecedores, prestadores de serviços e especialistas. “Hoje, temos uma rede que chega a 200 parceiros e estamos trabalhando com uma nova rede, voltada para os consumidores. Nosso desafio é fazer a colaboração avançar ao longo das etapas da inovação”, afirma o gerente de Redes e Parcerias para a Inovação da Natura Adriano Jorge. “Ao longo desses anos, fomos aprimorando o nosso olhar e a própria estrutura interna para sermos capazes de gerir esse modelo colaborativo”.

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ENTREVISTA

Senai e MIT iniciam pesquisa sobre redes de inovação

Marcelo Prim: O grande desafio é trabalhar de maneira colaborativa, não apenas competitiva.
O Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (Senai) dá alguns passos adiante na parceria firmada com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) no ano passado. A partir do segundo semestre, a organização dá início a um projeto de pesquisa focado em ecossistemas brasileiros de inovação para o aumento da competitividade da indústria brasileira. Com duração de cinco anos, o projeto acompanha a instalação dos Institutos Senai de Inovação. Em execução há mais de um ano,  a expectativa é de que em no máximo oito os institutos se tornem autossutentáveis. A iniciativa também conta com o apoio do instituto alemão Fraunhofer, que tem atuado para a criação dos planos de negócio dessas organizações.

Escalado para tomar a frente desse desafio, o especialista em Desenvolvimento Industrial, Marcelo Prim, conta que porque essa parceria será importante para o Brasil evoluir no entendimento sobre redes de inovação.

Wenobvate: De que forma será realizado o projeto de pesquisa? Ele acompanha a implantação dos institutos de inovação?

Prim: Serão dois professores titulares do MIT conduzindo uma pesquisa de cinco anos de duração, com envolvimento de estudantes de doutorado e mestrado. Haverá uma equipe no Brasil, e uma nos Estados Unidos simultaneamente. A equipe local irá analisar os ecossistemas regionais, as características das indústrias e das cadeias de valor, para então desenvolver os métodos a serem implantados. Já o MIT irá analisar o ambiente industrial brasileiro e desenvolver métodos para conectar a indústria com os Institutos Senai de Inovação e com os Institutos Senai de Tecnologia, que estão em desenvolvimento e implantação. O foco é promover a inovação pré-competitiva, integrando todo o sistema indústria (IEL, Sesi, Senai) em âmbito nacional.

Wenovate: Por que esse tema é tão relevante?

Prim: O tema é essencial, pois os Institutos Senai foram criados para conectar a academia - pesquisa básica e aplicada - com a indústria brasileira que realiza inovação. Essa ponte é determinada como inovação pré-competitiva, ou seja,  desde a realização de testes até o desenvolvimento de novos produtos. Para tal, é fundamental desenvolver o capital intelectual: desenvolver infraestrutura (prédios, equipamentos); pessoas qualificadas e competências; e relacionamento. É neste último ponto que o MIT irá nos ajudar. Relacionada a esse trabalho está a construção de uma competência nacional em comunidades de startups, promovendo inovações disruptivas que ocorram na rede de inovação do Senai através do empreendedorismo.

Senai de Inovação buscam modelo de trabalho em rede.
Wenovate: Como funcionam os Institutos Senai de Inovação?

Prim: Os Institutos Senai irão promover a inovação da indústria, através de parcerias com empresas com forte relacionamento com as universidades, através de atendimento nacional e em rede. Os grandes desafios da sociedade, como energia, sustentabilidade e segurança, devem reunir competências complementares de ISI’s de competências diferentes, juntamente com a academia e a indústria. 

Wenovate: De que forma o Senai e seus institutos de inovação se articulam?

Prim: Esse é o grande objetivo do projeto com o MIT e, portanto, a resposta está em construção. Atualmente, os Institutos estão desenvolvendo seus planos de negócio em conjunto para estruturar uma rede complementar de atendimento nacional à indústria, com tecnologias e temas diretamente alinhados com o programa Brasil Maior. Nesse meio tempo, novas ações colaborativas serão lançadas para promover a construção dessa rede nacional de inovação.

Wenovate: Quais são os desafios relacionados a essas redes?

Prim: O grande desafio é trabalhar de maneira colaborativa, não apenas competitiva. A competição será normal, dentro de um ecossistema, mas os grandes desafios precisam de uma rede estruturada para desenvolver soluções inovadoras para a indústria. Sem a rede, dificilmente chegaremos lá.

Wenovate: Quais são as dificuldades de criar uma rede nacional como é o caso do Senai? E por que investir nessa articulação é importante?

Prim: A primeira dificuldade é estrutural: precisamos prover estabelecimentos e equipamentos suficientes para realizar projetos estruturantes. A segunda é de recursos humanos: desenvolver e engajar massa crítica. A terceira é fomentar a criação de uma rede colaborativa entre Institutos Senai de competências e estados diferentes, integrando com as empresas e com universidades e institutos de ciência e tecnologia existentes. A colaboração é essencial para resolver grandes desafios, pois, sem ela, teremos a predominância de inovações incrementais. O foco é aumentar a competitividade da indústria brasileira como um todo, visando reverter o quadro da balança comercial desfavorável do Brasil.

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FOMENTO

Inova Empresa já tem quase R$ 16 bi disponíveis

Régis Assao, diretor da Allagi

Lançados como um só grande programa, os investimentos do governo federal para fomentar a inovação nas empresas ganhou destaque em março deste ano. Foram R$ 32,9 bilhões anunciados para o Inova Empresa. Como se trata de uma iniciativa ampla, que condensa uma série de linhas de trabalho e fontes diferentes de recursos (BNDES, Finep, obrigações setoriais, etc.), à época do lançamento do pacote era ainda um pouco difícil enxergar a aplicação e o alcance.

Três meses depois, chamadas de propostas para parte significativa desses recursos foram anunciadas e, aos poucos, é possível entender melhor a que se destinam e como são concretizados os valores anunciados. Um dos meios de aplicação é o lançamento de editais de programas setoriais, ou Planos de Ação Conjunta.

As verbas para inovação na saúde, por exemplo, já estão claras. Os recursos serão distribuídos por meio de editais do Inova Saúde, com R$ 1,3 bilhão para fármacos e R$ 600 milhões para equipamentos (ambos com verbas mistas dos Ministérios da Súde e da Ciência, Tcnologia e Inovação). Somados a R$ 1,7 bilhão para “demais ações”, esses recursos totalizam os R$ 3,6 bilhões prometidos para o setor.

É a mesma situação do setor Aeroespacial e Defesa, que aplicará seus R$ 2,9 bilhões previstos por meio do Inova Aerodefesa; e da área de sustentabilidade, que dedicará R$ 2 bilhões ao programa Brasil Sustentável.

Anunciado em abril, o Inova Energia por sua vez contempla R$ 3 bilhões, dos quais R$ 600 milhões são provenientes da Aneel (as empresas de geração e transmissão devem investir 1% de sua receita líquida em P&D e as empresas de distribuição, 0,75%). Aos recursos do Inova Energia, se soma o Paiss (Plano Conjunto de Apoio à Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico): a iniciativa, focada na seleção de planos de negócios e fomento de projetos para desenvolvimento, produção e comercialização de novas tecnologias para biomassa de cana de açúcar, já está contratando os primeiros projetos e pode distribuir até R$ 1 bilhão. Para completar os recursos previstos no pacote para a área de energia, o governo ainda precisará anunciar a aplicação de outros R$ 2,3 bilhões até 2014. Já o  setor de óleo e gás terá R$ 1,3 bilhão no Inova Petro e mais R$ 1,2 bilhão em outras atividades.

No caso da cadeia agropecuária, a pendência é de R$ 2 bilhões, já que o Inova Agro sinalizou o uso de R$ 1 bilhão dos R$ 3 bilhões previstos. Outra área cuja aplicação ainda não foi totalmente esclarecida é a de tecnologia da comunicação e informação (TIC). R$ 2,1 bilhões foram destinados ao setor, dos quais R$ 14 milhões foram direcionados ao programa Startup Brasil e R$ 60 milhões à Subvenção Econômica - TI Maior.

Na busca por mapear os investimentos do Inova Empresa, podemos olhar também para as frentes não-setoriais de fomento à inovação. Entre elas, estão as ações transversais, para as quais o pacote deve dedicar R$ 5 bilhões.
Para o Tecnova, programa da Finep de subvenção econômica a micro e pequenas empresas,  foram reservados R$ 350 milhões, dos quais resta um saldo de R$ 160 milhões.

No caso do programa de financiamento Inovacred, o saldo ainda é de R$ 1 bilhão e, para o Criatec, R$ 50 milhões. Juntos, os recursos do Inovacred e do Criatec lançados somam R$ 370 milhões. Podemos ainda adicionar a essa conta os valores relativos ao PSI (Programas BNDES de Sustentação do Investimento) Inovação e Proengenharia (R$ 1 bilhão), à Embrapii (R$ 1 bilhão), ao Pronatec (R$ 470 milhões), à chamada pública do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação para Parques Tecnológicos (R$ 40 milhões), ao Funtec (R$ 250 milhões) e aos recursos para formação de RH (R$ 100 milhões). Há ainda R$ 144 milhões de subvenção: R$ 60 milhões para o setor de TIC, R$ 30 milhões para construção sustentável e saneamento ambiental, R$ 24 milhões para produtos obtidos por processos biotecnológicos e R$ 30 milhões destinados à biotecnologia.

Como se pode ver, é difícil identificar onde e como estão distribuídos os recursos do Inova Empresa. É possível estimar um comprometimento de aproximadamente R$ 16 bilhões (49% do total de investimentos anunciados pelo Inova Empresa até 2014) mas é praticamente inviável separar os recursos novos dos antigos. E, apesar do lançamento de várias chamadas, muito pouco foi contratado e menos ainda foi executado.

Há dúvidas também sobre a capacidade de execução dos programas com a mesma infraestrutura e pessoal anteriormente disponíveis na Finep e BNDES. O problema é semelhante ao vivido pela Capes para executar o programa Ciência sem Fronteiras.

Do lado das empresas, vemos muitas dúvidas entre os que têm conhecimento das iniciativas, e uma grande parte das empresas ainda ignora os mecanismos de apoio, sejam instrumentos mais antigos como a subvenção econômica, sejam os mais novos, como os Planos de Ação Conjunta, cujo primeiro edital (Paiss) foi lançado há mais de dois anos e que apenas combinam instrumentos tradicionais de BNDES e Finep.

Olhando pelo lado positivo, vemos que o interesse é crescente e cada vez mais empresas estão se estruturando para utilizar adequadamente todos os recursos disponíveis. E acreditamos que o conjunto de medidas tende, de fato, a impulsionar a inovação no país.

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ARTIGO

Desafio Brasil: inovação aberta e empreendedorismo

Bruno Rondani

Lançada no início de junho, a oitava edição do Desafio Brasil, maior e mais tradicional competição de empreendedorismo de alto impacto do país, traz uma novidade que merece a atenção dos gestores de inovação aberta e investidores de venture capital. Neste ano, além da competição tradicional, a plataforma do programa inclui espaços dedicados ao compartilhamento de ideias e à interação dos participantes entre si, com interessados em geral e especialmente com empresas maduras que queiram lançar desafios para a comunidade de empreendedores.

O objetivo é criar um ambiente de cocriação do qual possam surgir propostas de negócios mais consistentes do que aqueles que são elaborados individualmente e mais realistas e aderentes às demandas de mercado. Ao postar uma ideia na rede, o participante pode receber o feedback de outras pessoas, ouvir críticas, ser questionado quanto à viabilidade, descobrir sinergias e estabelecer parcerias. Com a ideia amadurecida e, quem sabe, com um time reforçado, aí sim, coloca sua startup na competição geral ou nos desafios oferecidos pelas grandes empresas.

A proposta vai ao encontro das discussões mais recentes sobre o poder do trabalho coletivo e da colaboração em um ambiente competitivo. Se verificarmos a plataforma do desafio, os cerca de 700 usuários cadastrados nos primeiros 10 dias submeteram 132 ideias das quais 46% foram publicadas para cocriação e 54% foram submetidas diretamente para a competição, ficando ocultas aos demais participantes. Esse número equilibrado surpreendeu alguns especialistas em empreendedorismo, que acreditavam que a cultura que prevaleceria seria a da não divulgação de ideias para colaboração.

As razões pelas quais um empreendedor publicaria suas ideias em uma rede aberta instigam a reflexão. O debate surgiu no próprio fórum do desafio, quando um participante postou: “Qual é o risco que corro de postar uma ideia e ela ser roubada por outra pessoa?”. Na detecção do risco, o perguntador foi certeiro. Sim, ele existe. Mas inovar e empreender implicam em riscos, que devem ser calculados ao lado dos benefícios que cada decisão agrega.

No caso de um empreendedor que tem pouco mais que uma ideia, buscar ajuda é fundamental. Em primeiro lugar, não é assim tão fácil “roubar” uma ideia. A concretização e as formas de torná-la real demandam muito esforço e engajamento. Além disso, conversando, sendo questionado, buscando estabelecer conexões com pessoas que possuam competências complementares às suas e procurando parceiros para dividir os riscos é que o empreendedor pode começar a passar a ideia da cabeça para o papel e do papel para o mundo dos negócios. “Sozinho, tudo se torna mais difícil”, como bem sintetizou outro participante.

Há que se lembrar, ainda, que o ambiente que o Desafio Brasil proporciona não é formado só por empreendedores iniciantes. Qualquer pessoa pode participar ou ser convidada como especialista, mentora ou membro das equipes em qualquer momento ao longo do processo. Além disso, a participação de grandes empresas é uma peça fundamental.

Atraídas pela possibilidade de se conectar à comunidade de startups e orientar empreendedores e ideias aos seus desafios de negócios, diversas empresas já demonstraram interesse em colaborar. Para elas é uma oportunidade de conhecer as tendências de inovação presentes na comunidade e o estágio de maturidade dessas ideias, sendo que podem ainda realimentar seus processos de inovação aberta.

Para os empreendedores, essa participação se traduz na chance de ganhar visibilidade e estabelecer parcerias que serão decisivas para o sucesso. A participação das grandes empresas contribui para que o empreendedor se conecte desde a concepção do negócio com uma percepção realista sobre as demandas de mercado.

O exemplo do Desafio Brasil nos traz questionamentos sobre as diferentes formas de fomentar os ecossistemas de inovação e sobre o papel das competições de startups. O que é mais benéfico: cooperar ou competir? Parece estar claro que não existe uma relação de oposição, mas, sim, de complementaridade. Por mais que muitas vezes se pense na figura do empreendedor de forma isolada à frente do próprio negócio, empreender é uma atividade coletiva por excelência, assim como o é a inovação. A combinação de etapas do desafio estimula o empreendedor a se inspirar por meio da história de outros empreendedores, a se conectar com potenciais clientes, especialistas, empresas e interessados em geral. O participante pode transformar suas paixões em produtos e serviços viáveis e pode atrair e engajar mentores e se aproximar de investidores para, no futuro, capitalizar sua startup.

Uma competição de startups elaborada de forma a agregar as duas vertentes, contribui para diversos fatores. Um deles é o estímulo à realização imediata de projetos que poderiam ser postergados indefinidamente. Outro é a educação do empreendedor, na medida em que o estimula a aprender na prática e o coloca frente a frente com outros empreendedores, especialistas e líderes reconhecidos que participam da seleção. Na mesma lista, está a melhoria dos negócios que chegam ao mercado, já que funciona como um filtro em que se seleciona e exclui, mas, também, se modifica e aprimora enquanto promove outros dois itens fundamentais: criação de networking e construção de times que se tornam a essência do negócio.

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NOTÍCIAS WENOVATE E PARCEIROS

Natura lança iniciativa de cocriação em rede para desafios de inovação

No último dia 17 de junho, foi lançada a primeira etapa do programa Cocriando Natura. A iniciativa é uma rede aberta a todas as pessoas que se identificam com a marca e que desejam colaborar e cocriar com a empresa. Trata-se de uma rede permanente, motivada a partir da identificação de desafios de inovação. Para abordá-los, são criados ambientes de interação online e presencialmente com a rede interessada. O foco do desafio podem ser ideias, conceitos, produtos ou serviços. Cada uma desses processos é chamado de Jornada de Cocriação, tem tempo de duração pré-definido e é dividido em fases, que variam caso a caso. A rede pode ser acessada pelo portal: www.natura.com.br/cocriando.

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CLIPPING

Universidades disputam número de patentes e sucesso de incubadas - Valor Econômico

Novo conceito impulsiona descobertas - Valor Econômico

Avaliação de patentes vai render pontos a cientistas - Folha de São Paulo

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SAVE THE DATE




25 a 27 de Novembro - WTC São Paulo

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